sexta-feira, 7 de maio de 2010

Dos tempos 4.


Ai, to as voltas com o vestibular, já pensei em fazer mil coisas. Das mil, eu estou indecisa entre umas três, quatro. Bem, pensei em algo do mundo da indústria cultural inicialmente. Não sei, artes cênicas, ou cinema. Pensei em moda também, sou estilosa e criativa, gosto de inventar e fugir do padrão, não gosto muito de me encaixar em uma ‘tribo’, as vezes, inspiro meu look em um pouco de tudo, misturo moda retrô com tendências futuristas que lembram os mangas japoneses. Por papai eu faria direito, mas deixei bem claro que estou ‘foraaa’! Não quero ser uma humanista feito ele, mergulhado nas questões humanas e tão distante das pessoas ao seu redor. E olha que ele se especializou em direitos humanos! Mas às vezes acho que ele não é nada humano, comigo então, só brigamos, só me vem com seu ar superior, demarcador de terreno, dizendo em alto e bom tom “o pai aqui sou eu!”. Eu pirraço, retruco, digo “ah é, não me diga, não parece, mas estou cansada de saber!”. Ele fica puto, ele me deixa puta também. Aff, oh relação chata essa de pais e filhos, ele vive berrando “vê se cresce e aparece!” Não sei por que fala isso, eu to crescendo oras! E em breve, ganharei o mundo e as “paradas de sucesso!”. Ele não dá a mínima força para meus ‘devaneios’, que para mim estão mais para “sonhos”. Disse que era para eu ter cuidado com a escolha do vestibular, pensar direito porque têm decisões que tomamos agora que podem influenciar nossa vida inteira. Ele fala isso porque é careta e às vezes o acho frustrado! Ele disse que fez a escolha profissional certa e que ama o que faz e ainda de quebra ganha dinheiro com isso. Mas não sei não! Algo eu tenho que reconhecer, que é a sua preocupação, ele não me impõe ‘direito’ por causa do dinheiro em primeiro lugar, ele se preocupa comigo e tem medo de me faltar, assim como minha mãe. Então, me sugere com aquela sutileza que lhe é peculiar para que eu escolha uma profissão reconhecida no mercado de trabalho, que dê para eu me virar depois da primeira formação. Em partes entendo, mas não me conformo! Qual é, como os padrões sociais vão mudar se a gente não se jogar e se propor a fazer diferente? Ou seja, escolher uma profissão que não seja clichê e que principalmente eu não tenha que ter patrão e ter que andar ‘arrumadinha’ vinte quatro horas. Ah, dane-se, mas vô apostar na liberdade, a liberdade é a porta da felicidade e da realização dos meus sonhos. Decidir, decidir, eu ainda não decidir, mas o vô João me tranqüilizou bastante, ele me contou que no seu tempo não tinha vestibular que seu cargo foi indicação política, mas mesmo assim ele se interessou pelo estudo bem depois quando já tinha vestibular. Ele disse que fez a prova pensando que estava prestando vestibular para música (quase tive um ataque de risos nessa hora, eu não esperava isso do vovô), só se deu conta que se submeteu ao exame para administração quando viu seu nome na lista dos aprovados. Eu perguntei como assim vovô agora explica. Ele disse “meu amor não tem muito que explicar minha escolha não foi por amor, eu não tinha muita opção pois já tinha família para sustentar, e já trabalhava sem especialização na área administrativa. Então surgiu a oportunidade e eu agarrei para minha sorte e estabilidade futura. Não me arrependo foi necessário e, a música, a, ela só foi um estímulo que resgatei dos meus tempos de moço (muitos risos)”. Meu avô é um sábio, depois dele quem mais me identifico na família é a tia “Jôjana”, que era como eu a chamava na infância. Ela sim aprendeu com meu avô, já meu pai parece que foi criado debaixo da saia de minha avó, pois nunca vi tão retrogrado! Aff, e eu é que tenho que agüentar, paciência, paciência!!!


Por Bia.


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