domingo, 19 de julho de 2015

Covardia!

"Gargalhando e sorrindo de agonia
Se acaso eu chorar não se espante
O meu riso e o meu choro não têm planos
Eu canto a dor, o amor, o desengano
E a tristeza infinita dos amantes" 

(Agalopado, Alceu Valença)


A chuva descia mansa no céu, seu corpo nudo, no meu pouco carnudo, encaixados de um grude leve do clima tropical. Eu por baixo, tu por cima. De fora se via a sombra da forma dos nossos corpos tremula a balançar, projetada nas paredes em um vai e vem desassossegado de nós. O palpitar do seu coração batia dentro do meu. A luz da lua nossos olhos invadia. E você sussurrou mansinha: “Não foge, mas o mundo podia acabar agora!”. Em seguida o trovão rachou um raio que queimou as flores do nosso quintal. Nosso enlace do susto se desfez, não teve aperto de abraço pra juntar.  O que a loucura não persistia, a razão tola de cada dia toma lugar.