sexta-feira, 29 de julho de 2011

Meu Diabo.

Meu Diabo é criador, criativo e criatura.
Criança, faz bagunça,
Perde sentido, da risada, faz quizomba e zomba,
Não apanha nem dá porrada,
Até chora sem sentir dor.

Meu Diabo é cativo,
De canto,
Entoa canto,
Alegra festa
E dá fim em desencanto,
Pula e canta,
Sente calor.

Meu Diabo também é anjo,
Imaculado, Virgem Maria.

Meu Diabo é rainha,
Majestade da alegria.

Meu Diabo enfurecido,
Não relampeja nem alça vôo,
Ele peleja,
É sofredor,
É Jesus Cristo
Na arte do amor
Dá a outra face em piedade
E nunca se sente um perdedor.

Meu Diabo é som de flauta,
É doce feito água cristalina,
É sapeca feito palhaço e adora
Dançar na corda bamba feito equilibrista.

Meu Diabo é exorcista,
Ele que purifica e tira dos olhos
A maldade,
E com a mão espalha pétalas de flores perfumadas,
Por onde passa.

Meu Diabo é do mato, mas é domado,
Domesticado.
É torto feito a linha do destino,
Mas morre de medo do errado.

Ó meu pobre, rico e bom Diabo.
Quase que não tens pecado.
Por pouco, por muito pouco,
És consolado...
Mesmo por quem atiras pedra em seu telhado.

Esse é o meu Diabo,
Um coitado,
Que o dito ser humano,
Faz dele gato e sapato,
E a culpa ainda é do meu,
Pobre, rico e bom Diabo.


La Baca (LOCA).