segunda-feira, 27 de junho de 2011

Happy Day Gay!!!

Arte minha ^.^



Brevemente...hoje me deu vontade de escrever algo diferente. Diferente do venho escrevendo. Hum...difícil! O que geralmente me motiva escrever é o amor, o desamor, curiosidades...pensamentos confusos, teorias inventadas, estórias inventadas, personagens fictícios. Aqui eu me furto escrever sobre coisas “sérias” porque volta e maia escrevo sobre mim. E não me dou o menor crédito. Mas hoje também pensei em fazer uma homenagem, ou deixar um registro bobo qualquer, sobre o dia do orgulho gay celebrado em São Paulo, Brasil, neste dia 26-06-11. Mas, não quero escrever com tom de reportagem ou de análise científica de qualquer tipo. Mas, sabendo o que quero com o escrito fiquei com medo de não escrever coisa algum - às vezes, faço isso também!

Vamos lá.

O que tem de diferente este ano? Esta é 15º edição, mas para mim é como se fosse à primeira. Aí me perguntei por que só dei atenção agora? Dei tanta atenção que ontem meia noite eu estava na internet lendo reportagens sobre o assunto e me bateu uma vontade imensa de fazer parte dessa festa. Para dizer a verdade até sonhei me vendo lá, tendo contato com mais de três milhões e meio de pessoas. Eu seria só mais uma na multidão é verdade. Mas não seria qualquer multidão, não seriam quaisquer pessoas. É emocionada que eu escrevo isso. São pessoas corajosas, pessoas que vão à rua, levantam bandeira, dançam, cantam, namoram, fazem amizade, devem brigar também porque numa festa de multidão nem tudo deve ser lindo! Mas são pessoas que estão lá na Av. Paulista, envoltas de glamour, borbulhando de ORGULHO, para celebrar! Comemorar a própria diferença de forma simbólica. Eu diria uma diversão militante, no sentido de estar ali consciente e para conscientizar. Algo que significa muito num país que só há três semanas atrás, finalmente, aprovou a realização jurídica do casamento (união estável) entre pessoas do mesmo sexo. Isso, fazendo valer o Estado laico que versa a constituição brasileira e consequentemente garantindo tal direito civil básico para essas pessoas tidas como minoria no nosso país tido como democrático!

Mesmo sendo necessário o reconhecimento das recém vitórias no plano jurídico, como a também recém aprovada lei que criminaliza a violência contra homossexuais. Ainda assim, creio que grande parte dos que hoje foram às ruas comemorar e dos que como eu não foram, mas se sentiram contagiadas (os) pela onda do Happy Day Gay (GLSBTT) sabem que a guerra esta longe de ser vencida. Uso o termo “guerra”, não só, como mero jargão popular, mas sim, por fazer alusão a luta cotidiana que essas milhares de pessoas enfrentam. Ora que pessoas? Ora que luta?

Lá em cima, no primeiro parágrafo no qual me direciono ao tema tratado, chamo as três milhões e meia de pessoas que estiveram celebrando na Av. Paulista hoje de “corajosos” e igualmente me orgulho do orgulho deles. Mas quando uso termo luta, me refiro, a todos e todas que em algum momento de suas vidas já passaram por alguma cena constrangedora, julgadora, acusadora, criminalizatória por ser homossexual, bissexual, transexual, trangênero, simpatizante ou qualquer outra nomenclatura insurgente que aparece com o intuito de rotular, taxar, ferroar, encaixotar os tidos como “diferentes”.  

As nomenclaturas têm duas faces nítidas para mim. A primeira surge para apartar, no sentido de excluir e sempre são utilizadas com roupagens jocosas para discriminar, tais como: machinho, sapatão, bicha, viado, puta, anormal, pecador e geralmente são cunhados pelos defensores vorazes da heteronormatividade. Já a segunda face, aparece com o intuíto de gerar o reconhecimento entre os iguais, neste caso, os “diferentes” criam termos identificáveis e identificantes, se chamam e se reconhecem como tais, no sentido de criar um símbolo comum que os expressem de maneira auto defensiva contra possíveis discriminações. Assim, a sigla GLBTTS e Q é um modo de ser, agir, conscientizar que representa o segundo sentido do que entendo por nomenclatura. Em outros termos é um elo de luta, uma arma poderosa contra a fúria homofóbica cotidiana (não só homofóbica, bifóbica, lesfóbica e por vai). Por isso, o dia do orgulho gay para mim se faz tão sentido e importante, mais agora do que nunca.

Também quero ressaltar que a “luta cotidiana” é bem mais perversa para aqueles que se encontram no chamado “armário”. Me refiro aos “invisíveis”, ou melhor, aos que tentam levar a vida na cômoda e segura não declaração da orientação sexual. Não digo isso, para agredir, mas para alertar. Muitos julgam os que tentam se esconder nas sobras da invisibilidade da própria sexualidade de “fracos, covardes” e sei lá mais o que. Mas, se assim preferem, é porque na sua maioria nasceram em um mundo no qual a “violência” psicológica, física e moral é cunhada desde a barriga da mãe. No mundo (sociedade, país), hipócrita, ainda em muito (principalmente em regiões tidas como mais tradicionais como o nordeste), preso as amarras cristãs, patriarcais, sexistas que em pleno século XXI preferem agredir de todas as formas os familiares homoafetivos.  No qual, é no seio, da tão afamada “família”, por meio desta e em nome desta, que as injurias e torturas (físicas e psicológicas) começam ser aplicadas.  

Assim sendo, cabe os que julgam tentar entender e respeitar. E mais tentar compreender essas pessoas “invisíveis” que no fundo sentem e sabem que também fazem parte dos auto denominados acima citados. Cabe uma sensibilidade no olhar, no compartilhar experiências e no mostrar o longo e difícil caminho a ser percorrido até chegar a Av. Paulista para celebrar mais um ano de orgulho gay. Pois, é compreensível que para algumas pessoas e gerações o tempo para a auto aceitação, para cicatrizar as feridas causadas pela família, pelos amigos, colegas e sociedade de modo geral, não é o mesmo. Diria eu, que felizes são os que encontram forças para lutar pelo que entendem como felicidade. E tal descoberta é bem vinda e o quanto antes melhor.