"Gargalhando e sorrindo de agonia
Se acaso eu chorar não se espante
O meu riso e o meu choro não têm planos
Eu canto a dor, o amor, o desengano
E a tristeza infinita dos amantes"
(Agalopado, Alceu Valença)
A chuva descia mansa no céu, seu corpo nudo, no meu pouco
carnudo, encaixados de um grude leve do clima tropical. Eu por baixo, tu por
cima. De fora se via a sombra da forma dos nossos corpos tremula a balançar,
projetada nas paredes em um vai e vem desassossegado de nós. O palpitar do seu
coração batia dentro do meu. A luz da lua nossos olhos invadia. E você sussurrou
mansinha: “Não foge, mas o mundo podia acabar agora!”. Em seguida o trovão rachou um raio que queimou as flores do nosso quintal. Nosso enlace do susto se
desfez, não teve aperto de abraço pra juntar. O que a loucura não persistia, a razão tola de
cada dia toma lugar.