domingo, 19 de julho de 2015

Covardia!

"Gargalhando e sorrindo de agonia
Se acaso eu chorar não se espante
O meu riso e o meu choro não têm planos
Eu canto a dor, o amor, o desengano
E a tristeza infinita dos amantes" 

(Agalopado, Alceu Valença)


A chuva descia mansa no céu, seu corpo nudo, no meu pouco carnudo, encaixados de um grude leve do clima tropical. Eu por baixo, tu por cima. De fora se via a sombra da forma dos nossos corpos tremula a balançar, projetada nas paredes em um vai e vem desassossegado de nós. O palpitar do seu coração batia dentro do meu. A luz da lua nossos olhos invadia. E você sussurrou mansinha: “Não foge, mas o mundo podia acabar agora!”. Em seguida o trovão rachou um raio que queimou as flores do nosso quintal. Nosso enlace do susto se desfez, não teve aperto de abraço pra juntar.  O que a loucura não persistia, a razão tola de cada dia toma lugar. 

sábado, 27 de junho de 2015

Dos tempos 15.


Antônia, ela não é tão intensa quanto seu nome induz pensar, mas nesse pouco tempo já está a dominar meus pensamentos, com toda fúria de uma paixão distraída! Já ela me acha intensa, e ainda não nos vimos, isso parece tão piegas! E machista! É pensar ser o máximo só porque outra pessoa lhe retribui atenção. Também soa imaturo, como esse verde espinhoso, que a maioria dos homens másculos portam. Uma tal vaidade! É vaidade de leão! Que faz de tudo para abater sua presa, que “só pela atenção” parece fácil. Lamentável. Depois de tanto tempo sem amar, eis que me apaixono, ou penso que me apaixonei, ou simplesmente afago o ego tentador da confiabilidade da conquista. Tolo demais. Eis das coisas que sei que não posso enfiar os pés pelas mãos, mas enfiarei. Eu estou evitando termos picantes, não quero que ela pense que é só sexo. Mas desconfio que não sei o que é. Eu deveria imaginar cada centímetro do seu corpo nu antes de transarmos. Mas ainda estou preso aos beijos. O que quero? Explodo de curiosidade a cada insinuação. Ela me atiça, eu finjo não perceber, recuou, depois volto ao ponto de partida com força. Não pensei em “vai e vem”, não com ela! Pensei em algo em 3 ou 4D. Que ela me surpreenda e que eu não broche, seja lá porque motivo for! Rezarei por isso! 

Avante, Marcio! Levante! rs...

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Escatológica!





“...é que arde o medo, onde o amor ardia...” (Viajante, Ney Matogrosso)

Senti minhas partes íntimas piscarem contraídas em si, involuntariamente. Músculos! Como podem agir por conta própria e sem contexto? Sem mirar objetos de desejos? Sem nenhum estímulo criativo? Será que assim como a pele flácida das minhas pálpebras essas outras partes minhas igualmente me fogem? És fuga ou escape? As partes se rebelam e me escapam de sentidos. É mais espantoso do que espetacular! Sempre me assusto com esses golpes corpóreos – meus pequenos e grandes lábios contraídos involuntariamente e reverberando nas pregas do meu cú! Totalmente obsceno! Você sabe o que é isso? Não jogue pedras, caso não saiba! Me é totalmente obsceno.

“...tirado os panos das paredes com todos os disfarces, tudo fica feio...” Caio F.

Sinto esse constante pulsar na vulva, como se quisesse expulsar algo que nem sei (o que é). Continua seca o que reforça o involuntário do ato, indesejável, persistente.

Treme, treme, treme-se toda. Cachorra epiléptica...late, late, late sem raiva, sem tapa, só eu ouço e o resto escapa. Bach, Bach, Bach acalma essa danada! Que só Jazz, que só Jazz...descontrolada, diz o que eu não quero saber!

“...qualquer coisa intensa como um grito...” Caio F.

Inspirado em: Sobre sete, documentário de Bruno Polidoro. 2013.

Imagem de Gustave Courbet, A origem do mundo. 

Um dia depois, de passados um ano! Feliz coincidência!