...mal acordada brotam lágrimas diante das cores da TV. Talvez seus sons, algumas mensagens afetivas de natal, um sorriso marginal que despertou alguma lembrança ou sonho de dias melhores. Agarrei-me ao terço da minha mãe, velho, castigado, marrom e tão forte. Não por ter fé, tenho pouca, mas pela sensação confortável daquelas contas passando pelos meus dedos finos e lentos. Ao certo a incerteza de por quê isso e de pronto mais lágrimas e paz. Sinto uma exortação, um esvaziar do próprio vazio momentâneo. O trânse é interrompido por mais vozes da mãe dizendo algo sobre a cozinha e cozinhar, da TV falando coisas que não me detive. Respondo algo que também escapam aos sentidos. Penso no poder do café, mal acordada e volto ao banheiro, arranco as roupas e canto, um canto meu, uma invenção qualquer, algo que gravo e sigo inventando o quê chamo de música. Isso alegra e preenche, pois arromba as portas dos meus sonhos mais íntimos, profundos, genuínos ao passo que bobos. O quê se busca encontra-se eternizado em si, tal qual um poder mágico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário