sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Budapeste

"A poesia de verdade desaba por dentro...feito o amor"

A frase dita por Kriska a Kósta.

Como todo escritor ele queria flores sobre suas obras. De um convencimento e pedantismo sem tamanho. O que o torna inconsistente, contraditoriamente inconsistente.Na cena anterior Kósta vai ao lançamento de seu próprio livro. Um livro de poesias. Quer a atenção que de fato deveria ser sua e não do poeta húngaro que publicara o livro. Na cena que se segue, justifica as transgressões dizendo não concordar com o espetáculo que gira em torno do lançamento de um livro. Mas, o que transparece é que queria as glórias para si.

Em cenas anteriores é questionado pelo poeta sobre o fato de se esconder nas sombras. Uma mente brilhante que não quer dinheiro nem fama, essa era sua utopia! Ele queria ser um escritor destinando suas palavras a serviço da humanidade. Tal qual outro poeta húngaro, esse épico de um lirismo sem igual.

E quanto a inconsistência, ele não admitia que sua obra não passasse de um "So, So"! Que se traduz por "Assim, Assim". E que entendo como mais ou menos, que para o contexto fica melhor meio a meio. Ele era um estrangeiro versando poesias em húngaro, tentando ser um 'estabelecido', mas como bem disse Nobert Elias, não passava, até então, de um 'out-side'. Era um estranho de si mesmo. Brigando contra seu próprio ser. Isso me remete as primeiras questões filosóficas "Ser ou não ser eis a questão. E se sou quem sou?". Um tanto humano e biográfico algo que fica evidente no fim do filme. Que bom que o personagem não deu margem para a pergunta "De onde vim e para onde vou?". Embora ele tenha ido e vindo, vindo e ido.

O fator biográfico então fica evidente no final do filme. O autor do livro que gerou o filme aparece e pede um autógrafo a Kósta que estava de volta a Budapeste, agora com visto permanente. É o ápice da glória de Kósta.

"Um livro é como um contato íntimo entre duas pessoas" (Kriska).

José Costa confessa na última cena que Kriska sabia que Budapeste, o livro concebido e assinado por ele, só foi fecundado graças ao amor que ele sente por ela.

"Krisca sabia que agora eu lia o livro no qual eu escrevia" (Kósta Jsoze, José Costa).

Se ainda não assistiu vale a pena assistir. Tem bastante expressão simbólica. Essa última frase então, é digna de ser lida e visualizada.

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