terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Peremptório?

O que essa palavra significa?

Dizer que algo é peremptório, segundo o Aurélio, é ser "decisivo", ou "termitente". Sendo classificada gramaticalmente como adjetivo, que por sua vez, pode ser entendido como palavra que qualifica o nome(substantivo). Isso segundo qualquer gramática vagabunda e uma conhecedora superficial do assunto.

Se peremptório é "decisivo", eis o meu sonho de estado, como sujeito que sou. Me tornar um nome qualificado adjetivadamente. Ser alguém munido de algo, sendo assim, para tanto preciso do intermédio dos verbos, tais como: "querer", "poder", "conseguir", "ser". Este último me atraí, ser um ser peremptório. DECISIVO. Assim eu queimo etapas e evito "querer", "conseguir" e de quebra, caso o "ser" com o "poder". Imagine, totalmente fatal. Sem mais, nem menos. DECISIVO.

Agora se o peremptório pender para o "termitente", eu sinto por ter ido consultar mais uma vez o oráculo. O que resultou em decepção. 1º O meu oráculo não merece esse nome, pois sua visão é limitada; 2º "termitente" não é difícil de deduzir para em seguida assimilar. Se "intermitente" é algo "não contínuo" que sofre interrupções, então "termitente" é algo finito, cabal. Se for isso mesmo, esse segundo sentido anula a minha feição em relação ao primeiro. Ser decisivo sim, ser termitente não. A não ser que a decisão seja um começo e não um fim. Dar para começar antes de terminar, dar para terminar antes de começar. Dar para ser peremptório sendo decisivo e termitente ao mesmo tempo.

Tudo isso porque essa palavra apareceu sem contexto em minha mente. Sem lembrança de ter sido dita ou ouvida. Despertou curiosidade, uma vez descoberta foi facilmente enquadrada, o sentido revelado logo se fez sentir. Me identifiquei com ela pela completa falta de intimidade. Me reconheci ao desconhecê-la. PEREMPTÓRIO, será que ainda estou falando da palavra.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Budapeste

"A poesia de verdade desaba por dentro...feito o amor"

A frase dita por Kriska a Kósta.

Como todo escritor ele queria flores sobre suas obras. De um convencimento e pedantismo sem tamanho. O que o torna inconsistente, contraditoriamente inconsistente.Na cena anterior Kósta vai ao lançamento de seu próprio livro. Um livro de poesias. Quer a atenção que de fato deveria ser sua e não do poeta húngaro que publicara o livro. Na cena que se segue, justifica as transgressões dizendo não concordar com o espetáculo que gira em torno do lançamento de um livro. Mas, o que transparece é que queria as glórias para si.

Em cenas anteriores é questionado pelo poeta sobre o fato de se esconder nas sombras. Uma mente brilhante que não quer dinheiro nem fama, essa era sua utopia! Ele queria ser um escritor destinando suas palavras a serviço da humanidade. Tal qual outro poeta húngaro, esse épico de um lirismo sem igual.

E quanto a inconsistência, ele não admitia que sua obra não passasse de um "So, So"! Que se traduz por "Assim, Assim". E que entendo como mais ou menos, que para o contexto fica melhor meio a meio. Ele era um estrangeiro versando poesias em húngaro, tentando ser um 'estabelecido', mas como bem disse Nobert Elias, não passava, até então, de um 'out-side'. Era um estranho de si mesmo. Brigando contra seu próprio ser. Isso me remete as primeiras questões filosóficas "Ser ou não ser eis a questão. E se sou quem sou?". Um tanto humano e biográfico algo que fica evidente no fim do filme. Que bom que o personagem não deu margem para a pergunta "De onde vim e para onde vou?". Embora ele tenha ido e vindo, vindo e ido.

O fator biográfico então fica evidente no final do filme. O autor do livro que gerou o filme aparece e pede um autógrafo a Kósta que estava de volta a Budapeste, agora com visto permanente. É o ápice da glória de Kósta.

"Um livro é como um contato íntimo entre duas pessoas" (Kriska).

José Costa confessa na última cena que Kriska sabia que Budapeste, o livro concebido e assinado por ele, só foi fecundado graças ao amor que ele sente por ela.

"Krisca sabia que agora eu lia o livro no qual eu escrevia" (Kósta Jsoze, José Costa).

Se ainda não assistiu vale a pena assistir. Tem bastante expressão simbólica. Essa última frase então, é digna de ser lida e visualizada.