quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Dos tempos 14.





Beber café se tornou angustiante. Olhei fixo e perplexo para aquele líquido ralo dentro da caneca. Eu vi seus olhos negros, de um brilho opaco, distante, perdidos e angustiados dentro do próprio tormento de si. Eu te vi naquilo que mais me aquece e conforta ultimamente. Triste é que parece que a tua doença me infectou. Pois a única verdade é que nunca gostastes de café. E a sua descrição do hálito do outro de café me causava ânsias de vômitos em outrora. Mas, era o mesmo descaso e frieza de agora. É eu não te culpo e nem poderia, o engano foi todo meu. Sim, sim aquela canção “Meu erro foi crer que está ao seu lado bastaria...”. Nada basta se não existe mais amor. Nem carinho. Nem piedade. Nem culpa. Nem dor. É fatal. É visceral.  É humano. Perder o interesse. É humano, mentir e manipular os próprios sentimentos. Cinicamente  nos foge o controle não é mesmo? E aqui cabe bem a frese “não estava nada planejado”...e não estava mesmo...quiçá a desfaçatez e nada mais.

Erros e tentativas de Marcio. 

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Dos tempos 13.





É possível brincar com fogo e não se queimar? Rs...até conhecer Alexandra, eu achava que não...mas desde a primeira vez que ela apareceu disposta a brincar sem se queimar eu passei a acreditar nisso! Não sei, mas mesmo ela sendo o oposto do que eu sou, às vezes, é surpreendente, como eu consigo escondê-la e depois voltar a ser eu. Sem graça, sonsa...sem cor e sem sabor! Já ela, é intensa, vibrante, multicor e bem saborosa...a como é! Porque ainda sinto seu último gosto na minha boca, ela desperta uma mistura de café, cigarro, uísque barato, chocolate e coca-cola...tudo junto! Seu cheiro transborda suor, bem mais que perfume, e não é suor seu...é suor misturado dela com outros...algo que induz a gozo, prazer...sexo, muito sexo sem pudor, sem moral e bem gostoso! Eu não sei o que lhe dá, mas num ínterim muito tênue, eu não sou mais eu e ela me invade, toma conta e me transborda! Quem não a conhece, até eu mesma, quando volto a mim, a considero vulgar, puta, insana, inconsequente...mas ela é simplesmente leve, livre e com toda malícia se faz límpida, transparente, natural, cativa e encantadora. Ela simplesmente é! É feliz, é bela, é sexy e linda! Porque ela se vê assim...e a imagem que eu e os demais fazem dela...não a abalam, não a afetam...ela não passa por a gente, ela causa, ela dança sem som no ar...se remexe da cabeça aos pés em cada passo que dá...e isso, abala!!! Abala o chão, o ar, as pessoas e tudo mais em volta...e isso de cara limpa, sem maquiagem ou pó, sem roupa decotada e sem pernocas torneadas! Fisicamente, ela nem chama atenção é e não é a mulher brasileira cheia de curvas, mas sua áurea é a chama!!! Ela é o fogo e queima tudo envolta, exceto eu, eu sou imune as suas labaredas e isso me irrita!!! Essa duplicidade, essa cortina de hipocrisia...eu minto para mim mesma e nem a admito para ninguém além de mim!!! Eu escondo e sufoco a única coisa que ainda me mantém viva. Ela. E só ela, Alexandra!


Por Madalena.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Notícias


"Não sei por que, não sinto falta do sol,
 só sei que o vento frio daqui,
 fez quietar,
 a poeira do passado.

O passado era um nó estrangulado,
num peito só,
que em voltas,
girava e se perdia embasbacado.

Sim, lhe soava insano,
a falta de chão e de esperança
no olhar.

É verdade, que não chovia,
nem ventava como agora.
E lá, o sol brilhava,
lindo, vivo, transbordante
com tanto fervor,
até nos fins da tarde,
sua despedida castigava-me
feito balsamo em tela frescor,
de pinceladas de Van Gogh.

Acelerava e sorria,
mas também chorava,
dentro da triste fantasia.

E agora? Mesmo sem sol,
mas nem por isso com menos
suor,
o calento amanhecia.

E de tempos em tempos,
a lenda, no peito pulava,
pulsa firme e tenra,
de alegria!

Adeus é um Deus,
permeado de magia!"